Sem dinheiro para conter vírus, sala do prefeito vira fábrica de máscara em MS
Única cidade de Mato Grosso do Sul a registrar, até esta quarta-feira (8), mortes provocadas pelo novo coronavírus, Batayporã, ainda espera por socorro financeiro para enfrentar a pandemia que já matou dois de seus 11.320 moradores e contagiou outros quatro, todos em isolamento domiciliar.
Na manhã de quarta-feira, enquanto o governo de Mato Grosso do Sul anunciava a transferência de R$ 9,5 milhões para 41 municípios – entre eles Batayporã – quatro servidoras da prefeitura confeccionavam máscaras para uso dos próprios funcionários públicos. O trabalho é manual, usando tecido, tesoura, régua e grampeador.
A bancada de trabalho foi a mesa de reuniões no gabinete do prefeito Jorge Luiz Takahashi (MDB). Enquanto as servidoras faziam as máscaras, ao fundo da sala o prefeito assinava documentos e conversava com o Campo Grande News.
A secretária municipal de Saúde Marcela Leite Macedo disse que até agora a único reforço financeiro recebido pelo município de Batayporã foram R$ 32.189, repassados pelo governo federal no dia 31 de março. Do Estado, segundo ela, o município recebeu EPIs (Equipamentos de Proteção Individual, como máscaras e aventais) e álcool gel.
Entretanto, o estoque enviado pelo Estado foi destinado para as equipes de saúde. As máscaras que estavam sendo fabricadas na sala do prefeito nesta quarta-feira serão usadas por servidores de outros serviços essenciais, como pessoal da limpeza pública, guardas municipais e equipe do Paço Municipal.
A secretária de Saúde afirma que mesmo com falta de dinheiro, a prefeitura vai ampliar os serviços destinados a atender pacientes com suspeita de coronavírus.
Marcela Macedo disse que até semana que vem começa a funcionar o centro de triagem. Dois enfermeiros e dois auxiliares de enfermagem vão trabalhar no setor, para avaliar os casos suspeitos de coronavírus considerados mais graves. Os demais continuarão sendo atendidos pelo serviço convencional.
Além de reduzir a circulação de pessoas com suspeita de contágio nas unidades de saúde, o serviço vai diminuir o fluxo de pessoas enviadas para o Hospital Regional de Nova Andradina, cidade a 10 km de distância.
Segundo a secretária, a decisão pela instalação do centro de triagem ocorreu após a confirmação da segunda morte de morador da cidade por Covid-19. Marcela Macedo disse que o espaço exclusivo para triagem de sintomáticos graves vai evitar que esses pacientes tenham contato com demais moradores que procuram atendimento nas unidades por outros motivos.
CRÉDITO- CAMPO GRANDE NEWS