Favorável à reforma tributária, Tereza Cristina diz que faz “oposição responsável” a Lula
“A reforma está aí, ela passou. Vamos ficar fora da reforma ou tentar melhorar? É isso que as pessoas precisam entender”, disse a senadora sul-mato-grossense
A senadora Tereza Cristina (PP-MS), ex-ministra da Agricultura no governo do ex-presidente de Jair Bolsonaro, disse em entrevista ao jornal O Globo, publicada nesta segunda-feira, que faz oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas uma oposição responsável.
Assim que já havia feito em suas redes sociais, ela também sinalizou ser favorável à reforma tributária e disse que, no Senado, vai trabalhar para melhorar e colocar o ponto de vista da direita.
Quando perguntada se ela seguiria o caminho de Jair Bolsonaro, que foi contra a reforma tributária aprovada na Câmara dos Deputados, que ele chamou de “Reforma do PT”, ela respondeu da seguinte maneira. “Não é que ele foi contra. A reforma está aí, ela passou. Vamos ficar fora da reforma ou tentar melhorar? É isso que as pessoas precisam entender. Eu sou oposição ao governo, mas sou responsável, tem coisa que temos que trabalhar para melhorar e tentar colocar nosso ponto de vista”.
A senadora sul-mato-grossense ainda lembrou que o “trabalho pesado” da reforma tributária ficou para o Senado, ao ser perguntada se apresentaria emendas à Proposta de Emenda Constitucional número 45 (a PEC da reforma tributária).
“A agricultura foi contemplada, mas tem coisas ainda. O trabalho pesado ficou para o Senado. Temos um ponto, que é o artigo 20, que não é só para agricultura, mas para todos os produtos, as commodities para exportação, que precisa de algumas adequações. (O artigo abre brecha a estados e municípios criarem novo tributo sobre produtos primários e semielaborados). Estamos trabalhando para apresentar emendas sobre esse artigo 20.”, disse a senadora.
Ela ainda falou sobre o conselho gestor dos recursos, tema que ainda causa muita incerteza. “Tem o problema desse conselho, que para os estados é uma coisa muito cara, e essa Casa é a casa dos estados. Tenho ouvido que deve votar em outubro (no Senado) para voltar para Câmara, então temos dois meses e meio de muita discussão”, afirmou a ex-ministra da Agricultura.
Agrotóxicos
A senadora também falou sobre o Projeto de Lei que regulamenta o uso de defensivos agrícolas, popularmente conhecidos como agrotóxicos. Sobre o tema, ela disse que deve haver pontos de consenso entre o governo e a oposição.
“Há acordo para votar agora no segundo semestre. É um acordo feito com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que passou a relatoria para o senador Fabiano Contarato (PT-ES). O governo entendeu que isso não é um assunto de governo, é altamente técnico, a modernização da utilização dos pesticidas. O ministro da Agricultura (Carlos Fávaro) já esteve aqui (no Senado) conversando, dizendo que o governo quer que aprove”.
Candidatura em 2026
Sobre uma eventual candidatura em 2026 para a presidência da República, uma vez que o ex-presidente Jair Bolsonaro está inelegível, e ela chegou a ser candidata a vice, a senadora Tereza respondeu da seguinte maneira.
“Ninguém é candidato de si próprio. Agora, eu acho que são especulações de nomes, assim como o governador (de São Paulo) Tarcísio (Freitas), o governador (de Minas Gerais) Zema, o governador (do Paraná) Ratinho Jr., o próprio senador Ciro, tem várias pessoas nesse campo (da direita) e os nomes vão surgir. Tem muito tempo ainda, muita água para correr debaixo dessa ponte”, afirmou.
Ela ainda pregou união da direita. “Nosso campo só não pode se dividir, temos que estar juntos, PP, PL, Republicanos e outros mais. Se a gente estiver unido, vamos achar o melhor candidato para presidente e vice, pragmaticamente, para ganhar as eleições”, prosseguiu.
Ao ser perguntada se a inelegibilidade de Bolsonaro tornaria mais fácil ou mais difícil vencer Lula, a senadora afirmou. “Isso fecha uma das opções que o campo da direita tinha. Mas Lula era inelegível há dois anos e meio atrás. Volto a dizer, é muito cedo. Hoje estamos fazendo as especulações, mas a política é dinâmica”, afirmou.
Fonte: Correio do Estado