Áudio de jornalista revela atendimento ‘frio’ em delegacia antes de ser morta pelo ex-noivo

Áudio enviado pela jornalista Vanessa Ricarte, morta na quarta-feira em Campo Grande pelo ex-noivo Caio Nascimento – preso em flagrante no dia do crime -, relata um atendimento ‘frio’ por parte da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), local onde procurou atendimento. A conversa ocorreu com um amigo dela. 

Na mesma conversa, ela ainda relata que o noivo estava sendo protegido e que foi mandada de volta sem  apoio, segundo relatado pelo Campo Grande News, que teve acesso ao áudio.

“Eu fui falar com a delegada e explicar toda a situação. Ela me tratou bem fria, seca, toda hora me cortava. Eu queria ver o histórico da pessoa [Caio] e falou para mim que não podia passar”. Na sequência, a delegada teria dito que Vanessa já sabia dos históricos de agressões de Caio, conforme relatado por ela e informado pelo portal.

Depois, Vanessa relatou à delegada que Caio mandava mensagens informando que conversava com o sogro e que não conseguia falar com ela. Conforme a fala, Vanessa estava há dois dias fora de casa, sem tomar banho. Nisso, a delegada disse: “Então vai para a sua casa, você já avisou ele, manda uma mensagem falando para ele [Caio] deixar a casa.”

No final, Vanessa cita que está decepcionada e esgotada mentalmente. “Eu estou me sentindo culpada, porque eu fui registrar o BO [boletim de ocorrência]. Eu estou bem impactada com o atendimento da Casa da Mulher Brasileira. Eu que tenho toda a instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagina uma pessoa, uma mulher vulnerável lá. Essas que vão para a estatística do feminicídio”.

A fala da jornalista contradiz o afirmado pela delegada titular da Deam, Elaine Benicasa e pela adjunta, Analu Ferraz, durante entrevista coletiva realizada no dia seguinte ao fato.

À imprensa que foi dado todo suporte à Vanessa, mas que ela não teria aceitado e que decidiu ir por conta própria à casa. “Às vezes a gente não acredita na potencialidade do agressor ou a gente não imagina que isso vai acontecer com a gente. Todo agressor de violência doméstica é um potencial feminicida”, disse Analu.

O delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Lupérsio Degerone Lucio se posicionou sobre os relatos divulgados em áudio. Ele afirma que a “Polícia Civil está e estará sempre do lado da vítima e dos familiares. Externamos a nossa solidariedade”.

Lupérsio disse ainda que por orientação do governador do Estado, Eduardo Riedel (PSDB) e da Sejusp (Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública), foi instaurado um procedimento para apurar a situação. “Quero enfatizar que tivemos uma reunião para aprimorar o atendimento às vítimas no âmbito da delegacia até o posterior deferimento das medidas”. 

Fonte: Campo Grande News

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