Após receber a faixa, Lula discursa, lembra pandemia e diz que vai governar para todos
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou seu pronunciamento à Nação no Palácio do Planalto, neste domingo (1º), agradecendo ao povo brasileiro. O presidente recebeu a faixa de uma mulher negra, representando a população.
Em discurso no Palácio do Planalto que durou cerca de 30 minutos, o presidente assegurou que vai governar para todos e repetiu a frase dita logo após sua vitória nas eleições.
“Não existem dois brasis. Somos um único país, uma grande nação. Somos todos brasileiros e brasileiras, e compartilhamos uma mesma virtude: nós não desistimos nunca. Ainda que nos arranquem todas as flores, uma por uma, pétala por pétala, nós sabemos que é sempre tempo de replantio, e que a primavera há de chegar. E a primavera já chegou. Hoje, a alegria toma posse do Brasil, de braços dados com a esperança”, discursou Lula.
Lula agradeceu aos apoiadores que “tiveram a coragem de vestir a nossa camisa e agitar a bandeira do Brasil”, quando um grupo mais radical que apoiava o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentava “se apropriar” das cores da bandeira.
“Minha gratidão a vocês, que enfrentaram a violência política antes, durante e depois da campanha eleitoral. Que ocuparam as redes sociais, e que tomaram as ruas, debaixo de sol e chuva, nem que fosse para conquistar um único e precioso voto”, agradeceu.
O presidente ainda destacou que vai governar para todos os 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou nele. “Vou governar para todas e todos, olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado”, garantiu.
Lula disse que “a ninguém interessa um país em permanente pé de guerra, ou uma família vivendo em desarmonia” e pregou que é hora de reatar os laços com amigos e familiares, que foram rompidos pelo discurso de ódio e pela disseminação de tantas mentiras.
“Chega de ódio, fake news, armas e bombas. O nosso povo quer paz para trabalhar, estudar, cuidar da família e ser feliz”, ressaltou.
Pandemia
O presidente relembrou os mortos pela pandemia de Covid-19 no Brasil, classificando a como um “genocídio” e disse que as responsabilidades “hão de ser apuradas e não devem ficar impunes”. Ao longo de dois anos de pandemia, 694 mil brasileiros morreram durante a gestão de Bolsonaro.
“Em nenhum outro país a quantidade de vítimas fatais foi tão alta proporcionalmente à população quanto no Brasil, um dos países mais preparados para enfrentar emergências sanitárias, graças à competência do nosso Sistema Único de Saúde. Este paradoxo só se explica pela atitude criminosa de um governo negacionista, obscurantista e insensível à vida. As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes”, afirmou.
“Vou tirar o pobre da fila do osso”
Lula disse que seu governo vai cuidar de todos, mas, sobretudo, daqueles que mais necessitam, tirando o “pobre da fila do osso” e colocando-o de novo no Orçamento Público.
“Foi para combater a desigualdade e suas sequelas que nós vencemos a eleição. Esta será a grande marca do nosso governo. Dessa luta fundamental surgirá um país transformado. Um país de todos, por todos e para todos. Um país generoso e solidário, que não deixará ninguém para trás”, disse.
O presidente também destacou em seu discurso que seu governo combaterá discriminações raciais, de gênero e contra os povos indígenas. Por isso, de acordo com ele, os ministérios ligados a estes grupos foram recriados por seu governo.
“É inaceitável que continuamos a conviver com preconceito, discriminação e racismo. Ninguém será cidadão ou cidadã de segunda classe”, disse Lula à multidão que acompanha o discurso na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
“Ninguém terá mais ou menos amparo do Estado, ninguém será obrigado a enfrentar mais obstáculos pela cor de sua pele”, acrescentou, emendando que por isso o Ministério da Igualdade Racial será recriado.