Ministério da Saúde estenderá dose de reforço contar COVID a toda a população adulta
O Ministério da Saúde ampliará a dose de reforço da vacina contra a Covid-19 aos adultos de 18 a 59 anos. Antes, a medida era autorizada para idosos, imunossuprimidos — pessoas com baixa imunidade, isto é, com câncer, HIV ou transplantadas, por exemplo — e profissionais de saúde. O intervalo, que antes era de seis meses para os três grupos, cairá para cinco para todo o público-alvo.
Acima de cinco meses da segunda dose, independente da idade, já se pode buscar a sala de imunização. Ocorre que, no início da campanha, foi por faixa etária e também em função de comorbidades. Então, acaba seguindo esse mesmo cronograma: aqueles que têm a vacina mais antiga vão ter acesso (ao reforço) primeiro — afirmou o ministro Marcelo Queiroga.
A dose de reforço será, preferencialmente, da Pfizer. Na falta dela, Janssen ou AstraZeneca devem ser administradas. A decisão se baseia nos resultados preliminares de estudo da Universidade de Oxford, encomendado pela pasta, que mostra que a vacinação heteróloga, isto é, com imunizantes de laboratórios diferentes, aumenta a resposta imune. Segundo a pasta, 10.751.598 pessoas já receberam a dose de reforço até o momento.
— Nós vamos ampliar (a dose de reforço) para todos os brasileiros que tenham tomado a vacina que for há pelo menos cinco meses — disse Queiroga, que completou: — Nós temos doses de vacina suficientes para garantir que cheguem tempestivamente a todas as 38 mil unidades de saúde no Brasil.
A pasta estima que, a partir de agora, mais de 100 milhões de pessoas estarão aptas a recebê-la nos próximos meses, sendo 12,4 milhões em novembro, 2,9 milhões em dezembro, 12,4 milhões em janeiro, 21,5 milhões em fevereiro, 29,6 milhões em março, 19,6 milhões em abril e 4,3 milhões em maio.
A avaliação de integrantes da área técnica para a medida é positiva, como apurou O GLOBO. Eles avaliam pesquisas que mostram a queda da proteção vacinal com o passar do tempo e aguardam resultado de novas publicações.
A vacinação veio nos mostrar como uma das medidas de prevenção primarias, que a gente reitera. Nós temos as outras, que são as medidas de barreira (uso de máscara e distanciamento social). Mas a imunização veio nos trazer que nós diminuímos a quantidade da doença grave e, consequentemente, das internações e dos óbitos. Isso é um dos grandes ganhos — declarou a secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, Rosana Melo.
Para o professor de epidemiologia e vice-coordenador da Sala de Situação da Universidade de Brasília (UnB), Mauro Sanchez, o reforço no esquema vacinal é fundamental:
— O chamado “waning”, que é o fenômeno de queda gradual da imunidade conferida pela vacina ou por uma infecção natural, tem que ser “resolvido” por um reforço na imunização para que os níveis de anticorpos voltem àqueles alcançados duas semanas após a finalização do esquema vacinal original ou mesmo seja maior do que aquela titulação. Isso é o que tem se observado com os boosters: níveis de proteção ainda maiores do que os conseguidos depois do esquema inicial.
O planejamento da pasta para o novo ciclo de vacinação em 2022 já considerava uma dose de reforço para pessoas de 18 a 60 anos e duas doses (uma em cada semestre) para idosos com mais de 60 anos e imunossuprimidos. Para o próximo ano, a pasta decidiu usar 354 milhões de doses. Além disso, pode haver extensão do público-alvo para menores de 12 anos, por exemplo, caso haja aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Entre os pontos a serem considerados, está a disponibilidade de doses da pasta. Dados da projeção de entregas da pasta, atualizados semanalmente, indicam a entrega de 86,2 milhões de doses em novembro — sendo 21,7 milhões de AstraZeneca, 56,7 milhões de Pfizer e 7,7 milhões de Janssen.
Ainda segundo o ministério, o Brasil também deve receber 111,2 milhões em dezembro, das quais são 41,3 milhões de AstraZeneca (incluindo 5,1 milhões via Covax Facility), 17,9 milhões de Pfizer e 28,4 milhões de Janssen. Além disso, há previsão de receber outras 23,5 milhões de vacinas do consórcio global liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no próximo mês, mas o laboratório ainda não foi divulgado.
Esses números, porém, podem mudar até o fim do ano, já que parte do quantitativo depende de confirmação dos laboratórios sobre a disponibilidade de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) para produzir os imunizantes.
Fonte: O Globo