Ministro Nunes Marques desempata e nega suspeição de Moro. Siga
Na retomada do julgamento pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre se o ex-juiz Sergio Moro atuou com parcialidade em investigações e processos da Operação Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (23/3), o ministro Nunes Marques rejeitou o pedido da defesa do petista.
O ministro Nunes Marques votou a favor do ex-juiz Sergio Moro, negando o pedido de suspeição feito por Lula. “Todos os juízes têm um background ideológico”, falou.
Ao votar, ele lembrou que várias acusações de Lula contra o ex-juiz, por suposta parcialidade, já foram rejeitadas. “Foram de fato apreciadas e estão cobertas pela preclusão, eis que transitadas em julgado”, afirmou. Ele também chamou de “ilícitas” as provas agregadas ao processo pela defesa de Lula – como os diálogos entre Moro e procuradores revelados pela chamada Vaza Jato.
“Essa prática de espionar e bisbilhotar estaria legalizada. A sociedade viveria um processo de desassossego semelhante ao das piores ditaduras”, afirmou Marques para justificar não aceitar as conversas obtidas e vazadas por hackers como provas da suspeição de Moro.
O placar estava empatado, em 2 a 2. O voto de Nunes Marques pode ser o que livra Moro da suspeição, caso nenhum dos outros ministros decida modificar o posicionamento inicial.
Até esta terça, os ministros Gilmar Mendes, relator do caso, e Ricardo Lewandowski tinham sido a favor do pedido de Lula. Edson Fachin e Cármen Lúcia, contra.
Apesar de já ter votado, na última sessão, a ministra Cármen Lúcia deu a entender que ainda pode alterar seu voto, em favor do recurso do petista. Isso ocorreu quando Gilmar Mendes atacou, em seu voto, a decisão de Moro de autorizar a interceptação de telefones do escritório de advogados de Lula. A ministra considerou o fato “gravíssimo”.
O julgamento tinha sido interrompido há duas semanas por um pedido de vista – ou seja, mais tempo para analisar o tema – de Nunes Marques.