Tributo à Marília Mendonça no Domingão, tem emoção de famosos e carta a filho da cantora
Não faltaram lágrimas e declarações emocionadas no Domingão do Huck, exibido na tarde deste domingo (7/11). O apresentador Luciano Huck, que comanda o programa desde o início de setembro, reuniu diversos famosos para prestar um tributo à cantora, morta aos 26 anos em um trágico acidente aéreo na sexta-feira (5/11) em Caratinga, Região Leste de Minas Gerais.
A atração contou com a participação de Luisa Sonza, Naiara Azevedo, Thierry, Paula Fernandes, João Neto e Frederico, Wanessa, Lauana Prado, Paula Mattos, Caetano Veloso, Anitta, Neymar e Padre Fábio de Mello. Na plateia, uma legião de fãs da cantora também rendeu homenagens.
O primeiro a se emocionar foi o próprio Huck. “Estou com o coração despedaçado”, afirmou o apresentador.
A sertaneja Paula Fernandes não conteve as lágrimas ao cantar o hit “Infiel”, um dos primeiros de Marília a estourar.
“Quando eu vi a primeira imagem do avião, era como se eu tivesse caído junto. O que aconteceu com ela é o que eu mais temo na vida”, desabafou a mineira de Sete Lagoas.
A dupla João Neto e Frederico lembrou o primeiro encontro com a Rainha da Sofrência, muito antes de ela se tornar uma estrela, aos 14 anos. Eles foram os primeiros a gravar uma composição de Marília.
“A gente estava no escritório se preparando para ir pra casa quando avisaram que tinha um menina querendo mostrar umas músicas”, contou João Neto.
“Chamamos nosso empresário e ele ficou anestesiado. Nunca vou ver alguém tão completo como a Marília”, emendou Frederico.
O Padre Fábio de Melo destacou o momento de luto vivido pelo Brasil neste momento de perda.
“A gente perde Marília num momento em que a gente não estava sabendo perder. Nós estamos perdendo demais, nós estamos sofrendo muito. A pandemia levou muita gente preciosa da nossa vida, a pandemia trouxe muito sofrimento e talvez por isso estejamos organizando esse luto com tanto sofrimento”, disse Melo.
Caetano Veloso foi outro que não segurou o choro.
“Não é fácil falar. Marília me impressionou muito pela potência vocal e também pelo modo de ver as coisas. Ela era uma afirmação da força da canção popular no Brasil”, disse, emocionado, o veterano da MPB.
Ao fim do programa, Luciano Huck leu uma carta direcionada a Léo, filho da artista.
Leia na íntegra
“Querido Léo, escrever uma carta para você hoje é mandar uma carta para o futuro. Futuro que a sua mãe já tinha transformado antes mesmo de você nascer, como se ela parasse o futuro para você ou, melhor, como se ela preparasse o futuro para você. Mais ou menos a idade que sua mãe tinha quando, com as palavras dela, entendeu o coração do Brasil. E sentindo compreendido, o Brasil por ela se apaixonou. Porque a sua mãe não cantava sozinha, Léo. Sua mãe tirava as palavras da boca de um monte de mulheres e botava na boca dela. Dava sentimento a quem nem sabia o que sentia. Quando ela subia no palco para soltar aquela voz, ela, na verdade, cantava com a voz de milhões de brasileiros.”
“Sua mãe libertou, absorveu, perdoou, compreendeu as mulheres como ninguém, Léo. Ela ensinou a gente a amar sem culpa, mostrou que a gente pode encher a cara e cobrar respeito, que pode ser romântica e da noitada, que pode ser mãe e empresária. Ela ensinou que as mulheres podem ser quem quiser e como quiser, e isso mudou o nosso país para melhor. Essa é uma carta escrita a muitas mãos, Léo, e muitas mães. Porque a sua mãe queria ter voltado, ela queria voltar porque você existe. Porque depois que você chegou, o verbo voltar virou sinônimo de amor, de felicidade”
“Ela queria voltar cansada, com a sensação de dever cumprido, depois de ter cantado para multidões, que cantariam com ela, que encheriam o coração dela de gratidão e satisfação de ser quem ela sempre foi. Ela queria voltar para se perder nos seus braços, no seu corpo pequeno, mas tão imenso no significado porque você, Léo, era para ela uma multidão particular. Quando você sentir o desejo de revê-la, é só buscar a sua mãe dentro do seu coração. O seu coração vai ser a sala, o sofá, o ponto de encontro de vocês. E para nós ela também vai estar por perto. Porque ela não foi embora. Ela virou esse ar que nos rodeia, que se chama amor, e ninguém pode com amor, ninguém. Nenhuma distância e nenhum fim. Então, quando a saudade bater, Léo, lembra que um pedacinho da sua mãe mora em cada um de nós, lembra que a sua mãe não vive somente no passado, ela espera por você também no futuro. Um futuro, Léo, que a sua mãe embalou para que a gente te acolhesse, da mesma forma que ela sempre acolheu tanta coisa que vinha da gente. Se hoje o nosso canto é lágrima e silêncio, quero dizer a você, Léo, que a sua mãe é um farol e o caminho iluminado por ela não se apaga.”