Tesoureiro de igreja acusado de desviar R$ 467 mil usava dinheiro para jogar em loterias
O tesoureiro de uma igreja adventista, de Campo Grande, acusado de desviar das doações e dízimos dos fiéis, cerca de R$ 467 mil alegou ter usado o dinheiro para jogar em loterias e pagar dívidas pessoais. O esquema do tesoureiro foi classificado como ‘elaborado’ pelo MPMS (Ministério Público Estadual).
A explicação dada pelo tesoureiro sobre o desvio do dinheiro foi anexada ao processo no mês de julho deste ano, quando questionado o que teria feito com os R$ 467 mil. Em um dos trechos, ele diz que “tive um descontrole financeiro, acabei me descuidando, e a tentação apertou forte”.
“No início tive um descontrole financeiro lá, acabei me descuidando e acabei, assim, tentação apertou forte num dia que acabou tendo que levar o envelope para casa, porque os irmãos começaram a entregar os envelopes no final do culto para mim, acabei levando e acabei pegando de um envelope para outro(…) chegou um momento que, sabe aquele negócio que você acha que vai ter o controle do negócio, me perdi, começou a aparecer outras coisas e comecei a fazer outras coisas, sem perceber, coisas erradas, assim. Eu queria muito resolver, aí comecei a pegar muitos valores.”, falou o tesoureiro.
Em outro trecho da conversa o tesoureiro diz que achava que estava usando as coisas de Deus para ajudar outras pessoas, “Realmente eu me perdi, assim mesmo, eu comecei a ajudar muita coisa assim, sem me tocar que eu não tava usando valor, assim que era meu, tipo assim, como se eu estivesse usando a coisas de Deus para ajudar outras pessoas. Eu senti como se fosse assim, sei lá, alguém que estivesse ali para me ajudar, sem me tocar do grande erro que me envolvi.”
O tesoureiro ainda falou que tentava a todo custo ganhar na loteria para repor o dinheiro que estava desviando da igreja. Ele ainda foi questionado o que teria feito com os R$ 14 mil recebidos em um sábado durante o culto. O dinheiro segundo o tesoureiro teria sido usado para pagar uma dívida pessoal de R$ 6 mil, que tinha com um agiota e o restante foi usado para jogar em loterias.
Crime elaborado
No processo que tramita no Judiciário contra o tesoureiro, o crime foi considerado elaborado porque o tesoureiro emitia recibos falsos para simular doações aos doadores da igreja. O suspeito não lançava dados de receitas no caixa da igreja. Os desvios foram descobertos depois que um dos fiéis foi questionar o assistente administrativo sobre o motivo de não ter sido enviado a ele o seu recibo de doação.
E a partir desta desconfiança foram buscar pelos recebidos descobrindo os desvios dos dízimos e ofertas. A defesa do tesoureiro em sua alegação afirmou que “a destinação incorreta dos valores arrecadados com o dízimo pode ter gerado desajuste contábil”.
Ainda segundo a defesa do tesoureiro, os valores supostamente desviados teriam sido empregados na obra do prédio da igreja, que passava por reforma, já que os recursos destinados à obra eram insuficientes, e por isso, ele fazia liberação de pagamentos sem autorização.
Os desvios ocorreram de setembro de 2018 a abril de 2019, e na época da descoberta do crime, o tesoureiro chegou a dizer que “achou facilidades no sistema” para cometer os desvios que chegaram a R$ 467 mil 915.
Dízimo e oferta de fiéis desviados
Os desvios de dízimos e ofertas feitas pelos fiéis foi descoberto após um dos frequentadores da igreja desconfiar por não receber os recibos das ofertas feitas por ele. Com isso, ele procurou o assistente financeiro em abril de 2019 para relatar sobre as desconfianças.
Assim, foi feita uma averiguação nos dados contábeis da igreja e não foram encontrados documentos dos dízimos e ofertas feitas pelos fiéis. O pastor da igreja foi procurado e então foi relatada toda a situação. Ainda foi descoberto que o tesoureiro emitia recibos falsificados de fiéis que não estavam na planilha.
Também foram encontrados envelopes não devolvidos e cheques desviados. Uma reunião foi feita e o tesoureiro indagado sobre as descobertas. Ele acabou confessando ter desviado o dinheiro da igreja em um montante de R$ 80 mil, mas depois descobriu-se que o rombo era de mais de R$ 467 mil.
Segundo o tesoureiro, parte do dinheiro desviado ele teria usado na igreja, mesmo sem aprovação. O tesoureiro chegou a falar que cometeu o crime após ver facilidades para burlar o sistema. Os desvios ocorreram de setembro de 2018 a abril de 2019.
O tesoureiro ainda foi procurado pela administração da igreja para saber sobre a devolução do dinheiro desviado, sendo que ele afirmou que poderia devolver o valor de pouco mais de R$ 241 mil em 285 parcelas, ou seja, pouco mais de 23 anos para quitar parcialmente o dinheiro, já que na época afirmou que não devolveria a totalidade por ter usado boa parte do dinheiro na igreja.
Fonte: Midiamax