“Sentia dor até para me alimentar”, diz mulher com síndrome de Sjögren

Durante 13 anos, a professora aposentada Sirlene Marques Tironi, 61 anos, procurou diversos médicos para tentar descobrir o que estava causando uma série de sintomas em seus olhos e boca.

Ela tinha a boca extremamente seca, sentia dores no corpo e teve tantas inflamações que chegou a perder nove dentes.

“O que me incomodou primeiro foram inflamações nas minhas glândulas salivares. Não conseguia tomar água ou me alimentar sem sentir uma dor extrema. Meus dentes ficaram tão sensíveis que precisaram ser extraídos. Perdi muito peso. Foi um período muito difícil”, lembra Sirlene.

A aposentada também sentia secura nos olhos, fraqueza e cansaço, além de dores musculares, manchas roxas nas pernas e infecções constantes. O médico que tratou das glândulas salivares inchadas a orientou a buscar um auxilio mais especializado.

Após uma peregrinação em consultórios médicos, Sirlene foi diagnosticada com síndrome de Sjögren, uma doença autoimune rara que causa ressecamento das mucosas — as células de defesa atacam o próprio corpo, principalmente as glândulas lacrimais e as salivares.

A síndrome de Sjögren

“Além das mucosas secas, que são o sintoma mais clássico, mas nem sempre presente, é comum que apareçam lesões vasculares que formam hematomas por todo o corpo. Estas inflamações são as chamadas vasculites e são extremamente agressivas”, explica o reumatologista Marco Antônio Araújo da Rocha Loures, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).

Segundo Loures, ainda não se sabe exatamente o que pode levar alguém a ter a síndrome.

“Existem alguns fatores genéticos e ambientais que podem levar ao aparecimento da condição. Sabemos que a predisposição genética tem um papel importante, mas também é preciso ter algum estímulo externo, como uma doença que ative esta resposta imune”, ensina o médico.

Os mais expostos ao risco de desenvolver a condição são pessoas acima de 40 anos de idade, do sexo feminino, e que tenham casos de doenças reumatológicas na família, como a artrite.

O tratamento da síndrome de Sjögren normalmente é feito de acordo com os sintomas do paciente, já que não há uma cura para a condição. Os indivíduos diagnosticados precisam usar lágrimas e saliva artificiais, além de medicamentos imunossupressores que controlam a atividade das células de defesa do corpo.

Quanto mais cedo a condição for descoberta e tratada, menores são as consequências a longo prazo.

“O diagnóstico precoce poderia ter me ajudado a evitar o tanto de sofrimento que passei”, declara Sirlene. A professora aposentada chegou ser atendida por reumatologistas que, por desconhecimento, não identificaram a condição. “Fui desacreditada nos consultórios muitas vezes”, lamenta.

Após o diagnóstico, melhoria na qualidade de vida

O diagnóstico final de Sjögren é feito com a biópsia das glândulas salivares próximas ao lábio. O exame indica se elas estão sendo atacadas pelas células de defesa.

“Graças ao diagnóstico, pude controlar a síndrome e hoje tenho qualidade de vida. Claro que há algumas limitações, mas alguns cuidados, especialmente nutricionais, me permitem viver bem. Faço acompanhamento com o reumatologista e também com o psicólogo. Precisei de terapia para lidar com tanta gente que minimizou os meus sintomas”, explica.

Fonte: Metrópoles

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