Mulher é presa por dar golpe e roubar mais de R$ 700 milhões em obras de arte da mãe
A Polícia Civil do Rio prendeu na manhã desta quarta-feira, 10, uma mulher suspeita de aplicar um golpe de mais de R$ 720 milhões contra a própria mãe, uma idosa de 82 anos, em Ipanema, bairro da zona sul carioca. Além da mulher, os agentes tentam cumprir mais cinco mandados de prisão e outros de busca, apreensão e bloqueio de bens.
A idosa é viúva de um grande colecionador e negociante de artes e a filha presa é acusada de subtrair 16 peças de artistas consagrados. Entre elas, há quadros de Tarsila do Amaral , como Sol Poente, e Di Cavalcanti. Somente três dos quadros são avaliados em mais de R$ 300 milhões. Eles já haviam sido negociados e foram recuperados em uma galeria de arte de São Paulo.
De acordo com a polícia, o proprietário da galeria informou que, além daquelas peças, chegou a vender outras duas obras para o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires. À polícia, ele afirmou que não desconfiou do negócio por conhecer a família e pelos quadros terem sido entregues a ele pela própria filha da idosa.
Além da subtração das obras de arte, a filha e os demais envolvidos também são suspeitos de roubar joias e desviar dinheiro da vítima através de transferências bancárias.
O golpe começou a ser aplicado em janeiro de 2020, quando a idosa saía de uma agência bancária em Copacabana, também na zona sul do Rio. Ela foi abordada por uma mulher que se apresentou como vidente e disse que sua filha estaria doente e que morreria em breve.
Por ter um lado místico, e pelo fato de ter uma filha que enfrenta problemas psicológicos desde a adolescência, a idosa foi convencida – inclusive pela filha – a realizar pagamentos para “tratamento espiritual”. Em menos de três semanas, foram realizadas oito transferências bancárias que ultrapassaram R$ 5 milhões.
Segundo a polícia, dias após o início do falso tratamento, a filha começou a isolar a mãe de outras pessoas e dispensou funcionários que prestavam serviços domésticos a ela. A idosa desconfiou das atitudes e suspendeu as transferências. A partir daí, ela passou a ser agredida e ameaçada.
Obras roubadas
O patrimônio desviado pelos criminosos que lesaram a idosa, incluindo a filha da vítima, tem 16 obras de arte. Apenas três quadros de Tarsila do Amaral – Sono, Sol Poente e Pont Neuf – somados valem R$ 700 milhões, segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro. Os demais, de artistas como Emeric Marcier e Di Cavalcanti, valem, individualmente, de R$ 150 mil a R$ 2 milhões Somando todas peças, o valor desviado ultrapassa os R$ 711 milhões.
Onze das obras, inclusive Sol Poente e Pont Neuf, foram recuperados pela Polícia. A própria idosa conseguiu reaver Sol Poente, Mascaradas, de Di Cavalcanti, e O Menino, de Alberto Guignard. Maquete Para O Meu Espelho, de Antonio Dias, e Elevador Social, de Rubens Gerchman, teriam sido vendidos ao Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba), na capital argentina. Somados, só esses dois quadros valem R$ 3 milhões.
Algumas obras foram achadas em um apartamento de Ipanema escondidas numa cama de casal, entre o colchão e o estrado de madeira.
Veja a lista de quadros, segundo a polícia
O Sono, de Tarsila do Amaral: R$ 300 milhões;
Sol Poente, de Tarsila do Amaral: R$ 250 milhões;
ont Neuf, de Tarsila do Amaral: R$ 150 milhões;
Ela, aquarela, de Cícero Dias: R$ 1 milhão;
Aquarela sem título, de Cícero Dias: R$ 1 milhão;
Desenho Representando uma Paisagem, 1935, de Alberto Guignard: R$ 150 mil;
Rue des Rosiers, de Emeric Marcier: R$ 150 mil.
Eglise Saint Paul, de Emeric Marcier: R$ 150 mil;
Porto de Pesca em Hong-Kong, de Kao Chien-Fu: R$ 1 milhão;
O Menino, de Alberto Guignard: R$ 2 milhões;
Coruja ao Luar, de Kao Chi-Feng: R$ 1 milhão;
Retrato, de Michel Macreau: R$ 150 mil;
Mulher na Igreja, de llya Glazunov: R$ 500 mil;
Mascaradas, de Di Cavalcanti: R$ 1,5 milhão;
Maquete Para Meu Espelho, de Antônio Dias: R$ 1,5 milhão;
Elevador Social, de Rubens Gerchman: R$ 1,5 milhão