Homem casado com mulher trans é atacado por colegas de trabalho; polícia investiga homofobia
Um auxiliar de mecânico casado com uma mulher trans registrou uma queixa após ser vítima de ataques de colegas de trabalho em Igarassu, no Grande Recife. Klebson Gouveia Silva, de 28 anos, está de férias e recebeu um vídeo em que colegas de trabalho mostram um vibrador e dizem que ele esqueceu “o brinquedinho” na empresa.
Conhecido como “Galego”, ele registrou um Boletim de Ocorrência no dia 6 de maio, na Delegacia de Paulista, no Grande Recife.
O caso foi encaminhado para a Delegacia de Cruz de Rebouças, distrito de Igarassu, onde fica a Viacon, empresa onde Klebson trabalha e que presta serviço para a Prefeitura de Igarassu.
Por nota, a Polícia Civil informou que está investigando “um caso de homofobia” e que foi instaurado um inquérito. Klebson e a esposa, Danielly Manuele, de 29 anos, afirmam terem sido vítimas de homofobia e transfobia.
“Eu estou sem chão, não sei nem mais o que fazer. Nem cara mais para chegar ao trabalho eu tenho, depois do que aconteceu. A minha esposa já foi atrás de mim para me segurar para eu não fazer uma besteira com a minha vida”, afirmou o auxiliar de mecânico.
Klebson disse que não foi a primeira vez que sofreu preconceito no local de trabalho. Ele pediu Justiça e afirmou que resolveu denunciar para que outras pessoas não passem pela mesma situação.
“Isso já vem acontecendo há muito tempo, por ser casado com uma trans. O gerente quer me atingir de todas as formas e os colegas de trabalho também. Só por causa disso. E chega a um ponto que a gente não sabe mais o que fazer. Essa agora não deu mais para mim”, declarou.
Klebson e Danielly decidiram registrar queixa após ataques homofóbicos e transfóbicos — Foto: Reprodução/Instagram
Danielly Manuele, contou que o casal está junto há quase cinco anos. Ela disse que, antes do envio do vídeo com o vibrador, os colegas de trabalho do marido descobriram seu nome de batismo e que ela usava antes da transição para mulher trans e passaram a usar para tentar ofender Klebson.
“O encarregado descobriu meu antigo nome, começou a divulgar na empresa e virou motivo de chacota, de piadas. Ele querendo discutir, revidar, mas eu sempre dizendo para deixar pra lá. Para não perder o trabalho, que está tão difícil. E dai ele foi procurar os supervisores para tomar alguma atitude em relação ao ocorrido e não resolveram nada”, afirmou.
Ela também disse que o marido recebeu apelidos homofóbicos e que o vídeo foi “a gota d’água”. “Um vídeo nojento, falando palavras de baixo calão e dizendo que seria dele. ‘O vibrador está aqui ainda e está cheio de m…, diziam. E esse vídeo rolou a empresa toda e em grupos. Ele ficou superconstrangido e eu também estou superconstrangida. E claro que não é dele”, disse.
A Prefeitura de Igarassu informou, por nota, que repudia qualquer ato de preconceito e que está à disposição para ajudar a esclarecer o ocorrido com a empresa terceirizada.
O Executivo municipal também disse que a diretoria de Direitos Humanos teve uma reunião com a direção da terceirizada para solicitar uma resposta e solução do caso.
Por nota, a Viacon informou que “teve ciência das alegações de homofobia e transfobia na quinta (12)”. Afirmou, ainda, que, “de imediato”, deu início ao procedimento para apuração dos fatos as alegações e penalização dos responsáveis, por meio de medidas disciplinares cabíveis.
“Aproveitamos a oportunidade para ressaltar que a empresa repudia veementemente todo e qualquer ato ou comportamento discriminatório com relação a qualquer tipo de preconceito”, disse o comunicado.