Defesa diz que Alexandre Pires foi surpreendido com operação da PF: ‘Nunca teve envolvimento com garimpo’

A defesa do cantor Alexandre Pires afirmou, na tarde desta terça-feira, que ele foi surpreendido pela operação da Polícia Federal contra um suposto esquema de garimpo ilegal na Terra Yanomami. Em nota, os advogados negaram participação do artista na quadrilha e destacaram que Pires é “uma das mais importantes referências da música brasileira, sendo possuidor de uma longa e impecável carreira artística”.

“Na qualidade de advogado do cantor e compositor Alexandre Pires, vimos a público, diante das notícias veiculadas pela mídia em geral, esclarecer que o cantor Alexandre Pires não tem e nunca teve qualquer envolvimento com garimpo ou extração de minério, muito menos em área indígena”, informou Luiz Flávio Borges D’Urso.

No comunicado, a defesa também salienta que o cantos “jamais cometeu qualquer ilícito, o que será devidamente demonstrado no decorrer das investigações, reiterando sua confiança na Justiça brasileira”.

Como O GLOBO mostrou, Pires é investigado por integrar o “núcleo financeiro” do esquema de garimpo ilegal. Alvo de um mandado de busca e apreensão em um cruzeiro onde se apresentava no litoral de Santos, o artista teria recebido R$ 1.382 milhão de uma mineradora alvo de um inquérito.

A PF aponta que Pires recebeu dois depósitos, de R$ 357 mil e de R$ 1 milhão em suas contas bancárias. A investigação identificou ainda que uma das contas bancárias do músico também chegou a enviar, em uma atividade considerada atípica, R$ 160 mil para a mineradora.

Para os investigadores, essas movimentações financeiras indicam que a conduta de Pires ignorou “a origem do dinheiro e assumiu o risco de ser proveniente de atividade criminosa”.

Ainda de acordo com a PF, “os valores expressivos advindos de uma pessoa jurídica do ramo minerário com artista consagrado nacionalmente é um forte indicativo de ignorância deliberada sobre a origem criminosa do dinheiro de forma a evitar responsabilização criminal”.

A investigação descobriu indícios de que foi armado um suposto esquema para a retirada ilegal de cassiterita da terra indígena. O minério, segundo a PF, era declarado como originário de um garimpo regular no Rio Tapajós, em Itaituba, no Pará, e supostamente transportado para Roraima para tratamento. As investigações apontam que tal dinâmica ocorreria apenas no papel, já que o minério era extraído do próprio estado de Roraima.


“Foram identificadas transações financeiras que relacionariam toda a cadeia produtiva do esquema, com a presença de pilotos de aeronaves, postos de combustíveis, lojas de máquinas e equipamentos para mineração e laranjas para encobrir movimentações fraudulentas”, informou a PF, em nota.

A operação chamada de Disco de Ouro é um desdobramento de uma ação da PF deflagrada em janeiro de 2022, quando 30 toneladas de cassiterita extraídas de terra indígena que se encontravam depositadas na sede de uma empresa investigada e estariam sendo preparadas para remessa ao exterior.

Foram cumpridos dois mandados de prisão e seis de busca e apreensão, expedidos pela 4ª Vara Federal da Seção Judiciária de Roraima, em Boa Vista e Mucajaí, em Roraima, além de São Paulo e Santos, Santarém, Uberlândia e Itapema. As investigações seguem em andamento.

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