Como prótese de silicone salvou paciente que perdeu pulmões por fumar vape
Davey Bauer, 34, estava desenganado e em situação crítica quando foi transferido para o hospital Northwestern Medicine, em Chicago (EUA), aos cuidados do chefe de cirurgia torácica Ankit Bharat, diretor do Instituto Torácico Canning.
O uso de vape e cigarro, atrelado a uma infecção pelo vírus influenza, destruiu seus pulmões. Foram necessárias próteses de silicone para salvar sua vida.
“Nós sabemos que o vape causa problemas pulmonares. O paciente fumava cigarros antes e fez a troca porque, de acordo com as informações que ele tinha, achava que era mais seguro para sua saúde”, explica Bharat.
O especialista acredita que veremos muitas pessoas com problemas pulmonares por conta do vape nos próximos anos. Contudo, diz não poder culpar a prática por todos os problemas que Davey enfrentou no hospital.
Entre a vida e a morte
O primeiro hospital que atendeu o americano avisou que não havia mais nada que eles poderiam fazer por Davey. E sem outro tipo de tratamento, ele não resistiria.
Além da influenza, os pulmões estavam com uma infecção bacteriana, adquirida durante a internação. Ele estava em choque séptico, no respirador. Seus rins tinham parado, o coração estava parando. O paciente estava em coma profundo.
explica Bharat com exclusividade a VivaBem.
Davey precisava de um transplante duplo de pulmão, mas o procedimento não poderia ser realizado se sua saúde não se estabilizasse.
Prótese de silicone para proteger o coração
Após uma parada cardíaca do paciente, Bharat percebeu que o que estava deixando Davey tão doente era seu pulmão, completamente infectado.
“Decidimos retirar os pulmões. Assim, conseguiríamos estabilizá-lo. Desenvolvemos um novo tipo de ECMO, um aparelho que funciona como pulmão e coração, para que o paciente não precisasse tomar anticoagulante”, explicou Bharat.
Segundo o cirurgião, seu corpo estava tão tomado por infecção e tecido cicatricial que ele não sobreviveria se precisasse desse medicamento.
Sem os pulmões, o coração ficava em risco, já que ele fica protegido no centro do tórax. Com a ausência desses suportes, ele poderia “balançar” dentro do peito e causar mais um problema de saúde.
“Adicionamos uma estrutura para dar suporte ao coração usando implantes mamários temporariamente na região. Eles precisavam ficar ali até que Davey estivesse estabilizado o suficiente para receber o transplante duplo de pulmão”, disse Bharat.
Essa é a grande novidade do procedimento, já que a retirada completa de pulmões já havia sido feita outras vezes.
Recuperação na velocidade da luz
A aposta de Ankit Bharat foi certeira: em 24 horas Davey já apresentava melhoras. “Acreditávamos que levaria dias ou semanas. Mas assim que os pulmões foram retirados, o paciente começou a melhorar”, explica.
Para o especialista, isso mostrou que pulmões infectados nos deixam muito doentes rapidamente. “Em dois dias, ele já estava estável e pronto para receber um transplante. Como ele era jovem e saudável, o corpo conseguiu se recuperar sem os pulmões em alta velocidade”, explica.
Ankit Bharat conta que, nos Estados Unidos, existe um sistema de pontuação para entrar na lista de espera por um transplante, deixando assim quem está mais necessitado no topo. “Em poucas horas, após o paciente se estabilizar, já tínhamos um órgão compatível”, conta.
Hoje, Davey está bem e em casa, se recuperando junto com sua namorada.