Uso de gengibre pode ajudar no controle da diabetes, aponta estudo
Pesquisa realizada com pacientes que apresentam diabetes mellitus tipo 2 mostrou que o uso de gengibre reduziu suas taxas de glicemia e os níveis de colesterol, ajudando no controle da doença.
Os resultados do estudo estão em artigo publicado na Revista Latino-Americana de Enfermagem (RLAE). Eles fazem parte da tese de doutorado da pesquisadora Gerdane Celene Nunes Carvalho, defendida na UFC (Universidade Federal do Ceará), em 2018, executada com financiamento do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
O diabetes mellitus tipo 2 é a forma mais comum de diabetes e manifesta-se quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz ou não a fabrica em quantidade suficiente para controlar a taxa de glicemia no sangue.
“Considerando a alta prevalência da doença no Brasil e a dificuldade das pessoas em controlarem a taxa glicêmica, temos que descobrir novas estratégias para evitar as complicações agudas e crônicas da doença. Nesse sentido, os fitoterápicos são de fácil acesso, baixo custo e podem servir como tratamento complementar”, diz Gerdane Carvalho.
Para avaliar a eficácia do gengibre (Zingiber officinale) na diminuição de biomarcadores glicêmicos e lipídicos em pacientes com diabetes mellitus tipo 2, conforme estudos internacionais sugerem, foi realizado um ensaio clínico entre dezembro de 2017 e junho de 2018 com 144 pessoas diagnosticadas com a doença, que faziam acompanhamento em unidades de atenção primária à saúde, no município de Picos, no estado do Piauí.
Os participantes foram divididos em dois grupos e pareados um a um. No grupo experimental, eles tomaram duas cápsulas de gengibre em pó (1,2 g) diariamente, durante três meses. No grupo de controle, os pacientes ingeriram placebo. Todos foram orientados a manter os os medicamentos para diabetes que já faziam uso.
Para comporem os grupos, as pessoas foram escolhidas aleatoriamente (de modo randomizado), e nem os participantes ou os pesquisadores tinham conhecimento do grupo ao qual cada um pertencia (duplo cego). Além da resposta a um questionário socioeconômico, foram coletados dados clínicos (como pressão arterial e tempo de diagnóstico da doença) e laboratoriais (glicemia, colesterol, triglicerídeos, etc.) dos pacientes antes do início e após o término da intervenção. Concluíram a pesquisa 103 pessoas, sendo 47 do grupo experimental e 56 do grupo de controle.
Na comparação intra e inter grupos, os participantes que receberam as doses de gengibre tiveram redução de 20,3 mg/dl a mais nos níveis de glicemia venosa de jejum do que aqueles que não receberam nenhum tratamento. Também houve diminuição, embora menos significativa, dos níveis de hemoglobina glicada e colesterol total.
“Tais evidências sugerem que o gengibre tem potencial terapêutico no tratamento do diabetes tipo 2 e, assim, pode ser indicado como fitoterápico de ação complementar para a redução dos níveis glicêmicos e lipídicos e auxiliar no controle da doença”, afirma Carvalho.